Um Museu Vivo de Memórias Pequenas e Esquecidas

foto newsletterSobre a ditadura portuguesa, a revolução e o processo revolucionário

Este projecto performativo parte de uma pesquisa sobre algumas das memórias da história recente de Portugal, numa perspectiva histórica,  política e afectiva, e com base em testemunhos de pessoas comuns – desafiando as grandes narrativas destes três períodos/acontecimentos, que se têm construído sobretudo sobre a ideia de protagonistas militares e políticos. Quisemos saber onde ficavam as pessoas no meio destas memórias, e destas narrativas, e como é que a transmissão deste período crucial da história de Portugal se opera nos dias de hoje. Que omissões, revisões, rasuras estão a acontecer e como e por quem? Que versões da história nos são ensinadas e que outras podemos aprender? Segundo Keith Jenkins, a história e o passado não são a mesma coisa. Segundo Elizabeth Jelin, a memória é uma luta. Segundo Hayden White, a história é uma narrativa. E, por fim, segundo Marianne Hirsch, a 2ª e 3ª gerações são aquilo a que ela chama ‘gerações da pós-memória’. A nossa memória é, portanto, pós e é nessa condição de um ‘outro olhar’ que temos vindo a construir as palestras performativas que fazem parte deste museu, como uma lição de história que não se aprende em nenhuma disciplina que conheçamos – e talvez por isso mesmo estejamos a construir este espectáculo: por nunca o termos podido aprender mesmo quando pedimos que nos ensinassem, que nos contassem como as coisas se tinham ‘realmente’ passado.

O facto de o ano de 2014 marcar o 40º aniversário do 25 de Abril não é uma coincidência.

“Há um acordo secreto entre as gerações passadas e a geração actual”.
Walter Benjamin

Em Portugal, na ausência de uma Comissão da Verdade e Justiça, ou algo semelhante, são os activistas, os cientistas sociais, os historiadores, bem como os artistas, quem tem levado a cabo esse paciente trabalho de reconstituição, contra a usura do tempo e das ideologias vigentes que, cada qual à sua maneira e de acordo com a sua agenda, têm procurado – mais do que estabelecer pontos de vista – reescrever a história.

IMG_3206O formato que apresentámos no CITEMOR, foi uma estreia absoluta, concebida para o festival, que acreditamos ser um espaço de resistência cultural para cuja continuação queremos contribuir.

A  selecção desses materiais incluiu as palestras performativas: “Actos de Resistência”, “Arquivos Invisíveis da Ditadura Portuguesa”, “Português Entrecortado” e “Quando é que a Revolução Acabou?”.

Esses fragmentos fazem parte de um projecto mais amplo, que estreará em Novembro deste ano, no Negócio-ZDB, e ao qual chamámos:

UM MUSEU VIVO DE MEMÓRIAS PEQUENAS E ESQUECIDAS

Investigação, texto, direcção e interpretação Joana Craveiro
Assistência Rosinda Costa
Colaboração criativa Tânia Guerreiro
Desenho de luz João Cachulo
Produção e assistência Rosário Faria
Apoio Assédio Teatro

 

O TdV é uma estrutura financiada por:

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