Teatro do Vestido celebra Abril

"Mas o que está a acontecer em Portugal agora não é um caos;
é uma revolução e as revoluções têm as suas próprias leis."
(Alan Snitow, em comunicado para a rádio KPFA, 1975)

O processo revolucionário que se seguiu ao dia 25 de Abril de 1974 atraiu a atenção de activistas, militantes políticos e, no geral, revolucionários e curiosos de diversas partes do mundo. Este processo foi ainda acompanhado por uma série de documentaristas estrangeiros, jornalistas e artistas, que registaram o processo na sua rica diversidade. Temos hoje objectos documentais que nos dão conta disso mesmo como “Torre Bela” de Thomas Harlan, “Scenes from the Class Struggle in Portugal” de Robert Kramer e Philip Spinelli, as intervenções de Glauber Rocha em “As Armas e o Povo” (um filme do Colectivo de Trabalhadores da Actividade Cinematográfica), entre muitos outros. Parte deste acervo está documentado de forma magistral por Sérgio Tréfaut em “Outro País.”

Como parte da pesquisa incessante do Teatro do Vestido em torno desta memória histórica, e com especial incidência sobre o processo revolucionário português, Joana Craveiro tem vindo a recolher testemunhos, histórias, objectos, que nos dão conta dessa presença estrangeira, apaixonada por esta ‘revolução ao fundo da rua,’ ou ‘a Cuba da Europa…’ Revolution Junkies parte de algumas dessas histórias de vida e coloca-as a habitar a exposição Quase 50 anos, junto a artefactos da memória da ditadura e da revolução portuguesas. Um espectáculo único, construído para habitar a Biblioteca de Marvila.

Inauguração 21 Abril | 19h00
patente até 26 Abril

Biblioteca de Marvila – Lisboa
Entrada Livre

Partindo de um acervo documental acumulado com o labor de autênticos arquivistas da memória, esta exposição mostrará ao público narrativas/objectos/artefactos “pequenos e esquecidos” da ditadura portuguesa e 1926-74, do 25 de Abril de 1974 e do processo revolucionário que se lhe seguiu.

Combinado com o espectáculo em estreia absoluta Revolution Junkies, o Teatro do Vestido celebra assim mais um ano de Abril, resgatando memórias de pessoas comuns que viveram estes processos históricos, mas cuja experiência não fica inscrita nos manuais. Trata-se de uma memória viva, que passados quase 50 anos, também pode ser contada assim: combinando a poesia de uma memória material e imaterial, em camadas de sentidos que lançam luz sobre anos quentes e densos.

oh, como nós amámos a nossa revolução,
ouve-se, num coro improvável de vozes resgatadas a esse passado.
éramos nós, éramos mesmo nós, numa fotografia de há 50 anos,
 antes de termos nascido.
 Joana Craveiro

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