Historiadores CCB

Historiadores a entrar na Biblioteca © José Torrado

primeiro percebemos que os resultados da disciplina de História no secundário
estavam a piorar.
depois quisemos perceber porquê.
depois perguntámo-nos porque é que um historiador se torna historiador.
e assim nasceu este espectáculo.

No final no século XX, o historiador Eric Hobsbawm escrevia sobre «os jovens homens e mulheres [que cresciam] numa espécie de presente permanente, sem relação com o passado (…)»¹. À medida que o século XXI avança, inquietantes notícias dão conta de resultados cada vez piores na disciplina de História num país como Portugal, onde a disciplina de História nos poderia oferecer importantes lições para o hoje, para o aqui. O interesse pelo passado perdeu-se, talvez porque não seja clara a sua relação com o presente.

Entretanto, a História tende a repetir-se, acordando fantasmas do passado. Mas nem assim os mais velhos a conseguem explicar aos mais jovens. «Não estavas lá», «Não viveste», «Não consegues imaginar», «Não sabes», «Não percebes» — com estas frases se arruma de vez a curiosidade dos mais jovens e a esperança de que venham a interessar-se por esse tal passado. Este espectáculo do Teatro do Vestido é também sobre isso: sobre o desinteresse, as lacunas, as omissões, sobre investigações, sobre repreensões, sobre, enfim, o gosto ou o desgosto da disciplina de História e daqueles que a escrevem e a ensinam.

Quem são estas mulheres e estes homens que decidiram dedicar-se à escrita da história para que o futuro possa recordar e aprender com um passado que não viveu directamente? Que ambiente se vive numa aula de História do ensino secundário em Portugal? Quantos braços se levantam quando a professora faz uma pergunta? E que História é essa que se conta nos manuais? Um programa de história é um retrato político do presente de um país e daquilo que se quer inscrever para o futuro.
Num mundo em que o passado é um país estrangeiro² e o futuro fica ainda demasiado longe, Historiadores navega da forma única (política, poética e documental) do Teatro do Vestido um mar de inquietações, perguntas e pistas para o que aí vem.

¹ Eric Hobsbawm, The Age of Extremes, Nova Iorque, Vintage Books, 1996.

² frase de L. P. Hartley em The Go Between, 1953. “The past is a foreign country; they do things differently there.”

CCB | Black Box
Quarta a Sexta, 13, 14 e 15 Novembro de 2024 10:30 Escolas
Sábado, 16 Novembro de 2024 19:00
Domingo,17 Novembro de 2024 17:00

Texto e Direção Joana Craveiro Cocriação e interpretação Estêvão Antunes, Tânia Guerreiro, Tozé Cunha e Diana Ramalho, Jamila Oliveira, Mira Bulhões Apoio Científico: Alice Samara Espaço Sonoro: Francisco Madureira Cenografia Carla Martínez Assistente de Cenografia Diana Ramalho Figurinos Tânia Guerreiro Iluminação João Cachulo Conteúdos vídeo e operação de Vídeo José Torrado Assistente de encenação: Mira Bulhões Direção de Produção: Alaíde Costa Assistente de produção: Maria Inês Augusto Coprodução CCB – Fábrica das Artes, Teatro Miguel Franco, Teatro do Vestido

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DESVER

uma breve performance sobre um país
ocupado por outro.

you cannot unsee once you have seen.
Aja Monet

foi numa viagem.
o avião não parou no aeroporto daquele país, foi noutro. aquele país
não vinha no mapa.
mas, se passássemos por checkpoints e muros e outras fronteiras,
chegávamos lá.
a uma parte de um país que tinha sido inteiro em tempos. ele disse,
escrevam tudo já, não esperem
escrevam enquanto ainda está quente. e eu escrevi.

uma performance em progresso de Joana Craveiro.

Texto, criação, interpretação – Joana Craveiro
Assistência, colaboração – Diana Ramalho, Estêvão Antunes e Maria Inês
Augusto
Produção – Teatro do Vestido
Apoio à residência artística – Largo Residências – Quartel do Largo do Cabeço de Bola
Apoios – Alkantara, A PiSCiNA, Biblioteca Municipal do Barreiro, BOTA,
Carmo 81, Casa do Comum, Chão de Oliva, Cooperativa Mula, Coletivo pela
Libertação da Palestina, CRL – Central Elétrica, dISPAr, Do Imaginário,
Faculdade de Ciências Sociais e Humanas – NOVA FCSH, Fundação José
Saramago, Gira Sol Azul, O Espaço do Tempo, ISPA, Sismógrafo, Teatro do
Bolhão.

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CHEGAR A TEMPO OU SOBRE O DESAPARECIMENTO

uma trupe de almas perdidas num lugar sem tempo, a fazer sentido de um mundo em permanente mudança, um mundo que não conseguem acompanhar.
uma investigação sobre o significado da palavra desaparecimento.
um teatro de sombras e de espectros, depois de tudo ter acabado.

Partimos de alguns lugares encerrados ou desaparecidos, nas freguesias de cinco municípios do Minho. Juntámos-lhe a escuta atenta de histórias e vozes sobre esse tempo que já passou e esses lugares que se acabaram.
Depois, criámos um universo mágico, sombrio e poético, alimentado por essas histórias, preenchido por fantasmas e por perdas, mas também pela esperança num futuro que aí venha e nos acolha, 
e nos aqueça

Pensem neste espetáculo como um longo poema,
e como um daqueles contos que se contavam às fogueiras do antigamente.

Entrada livre (sujeita a lotação do espaço)
Para mais informação:comediasdominho

Criação e direcção: Estêvão Antunes, Francisco Madureira, Tânia Guerreiro; Texto: Joana Craveiro; Cocriação e interpretação: Cheila Pereira, Luís Filipe Silva, Sara Costa; Espaços sonoros: Francisco Madureira; Cenografia: Cátia Barros; Figurinos: Tânia Guerreiro; Direcção técnica e desenho de luz: Vasco Ferreira; Assistência de cenografia: Diana Ramalho; Assistência de encenação: Mira Bulhões; Assistência: Leonor Pereira; Co-produção: Comédias do Minho e Teatro do Vestido.

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