MONSTRO (parte 1: Calamidade) estreia hoje às 21h30 no Espaço Alkantara

Espaço Alkantara

de 27 de Novembro a 2 de Dezembro, 21h30

O que é que acontece quando habitas um país sem memória? O que é que acontece quando perdes o rasto ao passado e dás por ti fechado no presente sem respostas para o que te explora, corrompe, viola os teus direitos fundamentais como cidadão, como habitante de um país? O que é que acontece quando ninguém te quer explicar como chegaste até aqui porque assim legitima o teu presente e hipoteca o teu futuro e não tem que te dizer porquê nem como, porque as coisas são mesmo assim e o caminho é acreditar ‘que esta é a única solução’ e que ‘nunca vai ficar melhor’, e que, enfim, a solução é aguentar, aguentar em silêncio e acreditar que estamos todos a contribuir para o grande esforço colectivo de resgatar um país à beira da miséria (ou já mergulhado nela)? O que é que acontece quando te dás conta que fazes parte da maioria silenciosa, que tens costumes brandos, que a tua voz a pedir justiça afinal é um queixume, e que, pronto, mesmo que levantes os braços para fazeres alguma coisa, já não vais a tempo para o não sei quando, que era quando isto deveria ter acontecido e poderíamos ter alterado o rumo da história?
O país onde nascemos está a saque. A nós dizem-nos que emigremos, e que o desemprego pode ser um momento de grande criatividade, e dizem-nos mais coisas do domínio do absurdo que nem vale a pena reproduzir. E nós, fechados no presente eterno, sem memória do passado, dizemos: para o diabo com a vossa condescendência, o vosso risco ao lado no cabelo penteadinho, do alto do qual nos dizem que é inevitável. Para o diabo com a delapidação da nossa dignidade, dia a dia, como quem nos faz pagar uma promessa da qual não temos memória de ter feito.
Este é o momento para fazer teatro sobre isto. A ‘isto’ chamámos calamidade, e ao conjunto de calamidades que nos trouxeram até aqui, chamámos monstro.

Este projecto tem três fases: 1.Calamidade, em Montemor-o-Velho, Madrid, e agora aqui, em Lisboa, no espaço Alkantara; 2. Hecatombe, em Lisboa outra vez; e 3. Apocalipse, em São Paulo. Vai ocupar-nos o resto do ano de 2012 e parte de 2013. Porque precisamos de tempo para perceber, e tempo para falar sobre isto. Porque a lama já nos começa a chegar aos olhos e dentro em pouco já não há maneira de continuar a discernir.
Consideramos este espectáculo como o nosso treino para não perder essa faculdade essencial: o discernimento.

no final do espectáculo haverá uma conversa moderada por:

29 de Novembro – Irene Pimentel, historiadora
30 de Novembro – Marta Lança, editora do portal buala – http://www.buala.org/
1 de Dezembro – Fernando Rosas, historiador

de e com: Gonçalo Alegria, Joana Craveiro, Tânia Guerreiro
Produção: Joana Vilela
Montagem e iluminação: José Pedro Sousa, Nuno Patinho
Assistência: Isabelle Coelho
Apoio: Fundação Calouste Gulbenkian, Espaço Alkantara

Agradecimentos: CITEMOR, Teatro Maria Matos, Teatro Pradillo

Reservas: geral@teatrodovestido.org   |    918388878

Espaço Alkantara, Calçado Marquês de Abrantes, nº99 (Santos, Lisboa)

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